O avanço e a inovação tecnológica têm exercido um papel impactante na vida diária dos profissionais que atuam na área médica. Nesse campo, são diversos os aliados. Podemos citar, por exemplo, internet das coisas e softwares que auxiliam no design de produtos no dia a dia.
No entanto, quando unimos o conceito de design e de saúde, muitas se perguntam qual a relação entre essas duas áreas. Talvez venha à mente hospitais super modernos, com instalações e equipamentos futuristas.
Contudo, o conceito também é aplicado na confecção de produtos usados por médicos e outros especialistas do setor. Isso auxilia a garantir o melhor tratamento para seus pacientes.
Neste artigo, produzimos um guia completo para você conferir o que é design de produto e como essa atividade tem beneficiado também as diferentes áreas de saúde. Continue lendo e saiba mais sobre o tema!
O que é o design de produto?
Trata-se de uma aplicação do design na criação e no desenvolvimento de bens de consumo, como equipamentos, eletrodomésticos, utensílios, mobiliário e muitos outros. Ao contrário do que se pensa, ele não cria apenas a estética, mas considera também a funcionalidade do produto, pensando em questões tais como:
- ergonomia;
- segurança;
- experiência;
- comportamento e perfil do consumidor;
- custos;
- processos de fabricação;
- material;
- embalagens utilizadas.
Os profissionais de design de produto trabalham desde a concepção do projeto até a fabricação e lançamento do item. E entre esses dois pontos, no desenvolvimento, temos a produção de protótipos e testes iniciais.
E não para por aí! Temos também a criação da identidade visual e da apresentação ou meio de conservação, como uma embalagem.
Por esse motivo, a idealização das peças exige dos profissionais um conhecimento aprofundado sobre os materiais utilizados nas etapas de produção e os objetivos estratégicos da empresa em relação a seus usuários. E isso vale, também, para a área de saúde.
A origem do design de produtos
Esse conceito é também conhecido como design industrial. Ele tem sua origem moderna no século XVIII com a Revolução Industrial, quando as empresas começaram a ter um olhar mais atento ao design de seus produtos para superar a concorrência.
Assim, já nesse período, não bastava o produto ser funcional e resolver um problema. Era necessário apresentar diferenciais para conquistar o público. Os designs criados também ajudam na geração de valor para os consumidores.
O processo de design de um produto
Na verdade, cada equipe de design de produto pode direcionar seus processos de modo particular. Mas eles guardam algumas semelhanças em alguns pontos, o que mostraremos a seguir.
A metodologia-base da área é capaz de gerar ideias e concretizar em um produto. Normalmente, parte da identificação de problemas encontrados pelo público-alvo e depois são produzidos protótipos para uma possível criação dos itens. Assim, podemos definir as seguintes etapas mais práticas:
- levantamento das necessidades do usuário, uma vez que ele deve ser o foco do projeto;
- brainstorming para propor diferentes soluções para a criação do produto;
- estudo para determinar a viabilidade do produto, antes mesmo da produção. Aqui são analisadas questões como o custo-benefício e os meios de produção necessários;
- seleção do material mais recomendados para o produto, em como o custo da manufatura;
Após a produção do item, são feitos testes e um acompanhamento de como o usuário interage com o produto. As informações levantadas ajudam a fazer ajustes necessários e aprimorar o projeto.
Os fatores que impactam as decisões do design de produtos
Durante esse desenvolvimento, alguns aspectos vão interferir diretamente no produto, tais como:
- custo: o produto idealizado precisa ter uma estratégia de preços realista, alinhado com as expectativas da empresa que o desenvolve e condizente com o usuário. Mesmo que ele resolva o problema identificado, ele não será realmente uma solução plausível se não for economicamente viável;
- materiais: a seleção de materiais e tecnologias precisa levar em conta o custo, a disponibilidade e segurança. Podem ser substituídos conforme a necessidade do projeto;
- necessidades da empresa: os objetivos estratégicos do negócio impactam o design do produto. Gestores podem levar em conta as retorno que receberam sobre o investimento, o impacto social do empreendimento e o mercado em que o produto será apresentado;
- ergonomia: se um produto não for confortável e conveniente, é possível que seja deixado de lado. Especialmente na área de saúde, é importante que o design priorize a experiência do usuário e garanta conforto em seu uso;
- estética: o visual tem o poder de valorizar o produto, proporcionando elegância e facilitando a divulgação do item;
- sustentabilidade: é preciso entender como o produto pode gerar impacto no meio ambiente. Na área de saúde, podem ser avaliadas as estratégias de descarte de embalagens, seleção de materiais etc.;
- funcionalidade: o tipo de uso e forma como o produto será manuseado também afeta seu design. Por exemplo, se é descartável, será usado apenas uma vez, então a preocupação com a durabilidade do material é menor. Mas se o produto será utilizado com frequência, a construção dos seus componentes precisa levar isso em conta.
A personalização no design de produtos
Quando falamos em personalizar, a ideia é customizar ou individualizar o produto, adaptando seus atributos segundo as necessidades ou interesses de um usuário específico. Dessa forma, ele passa a ser exclusivo, gerando maior satisfação e, dependendo do tipo de produto, mais bem-estar e qualidade de vida.
A liberdade para adaptar o produto à realidade do usuário não reduz a responsabilidade e o trabalho dos profissionais de design de produtos. Ao fornecer um item com o potencial de ser personalizado, é importante desenvolver um projeto que mantenha sua funcionalidade básica e identidade e ainda fornecer condições de ajustes.
Por exemplo, essa tendência começou no segmento de roupas, no qual os clientes podem criar suas próprias estampas. Desde então, utensílios e até eletrodomésticos poderiam ser customizados.
A personalização, no entanto, vai além da estética, e cumpre funções muito práticas em outras áreas, como na área de saúde. Entenda melhor sobre como esse processo é vantajoso no tratamento a pacientes de diferentes especialidades.
O que é o design de produto na área de saúde?
Quando falamos em produtos na área médica e saúde em geral, existe um vasto campo de atuação. E não se limita a embalagem dos fármacos, bulas de remédios ou cartazes informativos. Todo produto desenvolvido para tratamentos médicos ou que contribuam de alguma forma para o bem-estar de pacientes necessitam de um profissional de design.
É necessário uma série de estudos e testes para criar:
- cadeiras de rodas;
- próteses personalizadas;
- equipamentos de proteção individual (EPIs) para profissionais de saúde;
- materiais para campanhas de prevenção de doenças, entre outros.
O desenvolvimento de produtos nessa área leva em conta diversos objetivos, entre eles:
- resolver um problema funcional;
- ser de fácil usabilidade;
- ter uma experiência de uso agradável;
- ser seguro;
- estar em conformidade com as normas vigentes, com as definidas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária);
- atender as necessidades e ao perfil do usuário ou paciente;
- assegurar a viabilidade de produção (em termos técnicos e de custoso);
- ser esteticamente atraente.
Importante lembrar que os produtos para esse setor não limitam-se apenas para uso dos pacientes. Também podem ser beneficiados os profissionais que atuam em hospitais, clínicas, laboratórios, bem como o público em geral.
Como a personalização do design de produto auxilia na medicina?
Quando falamos do público da área médica, normalmente nos referimos a pacientes e profissionais que utilizam diferentes tipos de produtos para planejar e realizar:
- procedimentos cirúrgicos;
- tratamento de enfermidades;
- realização de procedimentos estéticos;
- para proporcionar uma qualidade de vida melhor para as pessoas.
Cada especialidade terá necessidades próprias ligadas aos métodos de tratamentos e materiais utilizados. Além disso, cada paciente também tem suas próprias peculiaridades, de acordo com o caso clínico.
Entenda algumas dessas necessidades e a importância da personalização de produtos na área médica.
Ortopedia
A ortopedia é a área médica que visa cuidar da saúde e bem-estar do aparelho locomotor (articulações, ossos, ligamentos e músculos. Desta forma, os profissionais buscam isso tanto com exercícios físicos como produtos que auxiliam nos tratamentos de casos clínicos.
Nós falaremos muito neste artigo sobre o papel da impressão 3D na personalização de produtos na área médica. Por meio dessa técnica, é possível imprimir objetos com base em desenhos tridimensionais criados em softwares específicos. Por ser totalmente customizável, a ortopedia pode ter muitas vantagens.
O avanço dessa técnica tem chegado ao ponto de usar produtos químicos com cerâmica para recompor tecido ósseo, mesmo em áreas mais extensas, como o quadril. Esse procedimento é conhecido como artroplastia.
Ele tem avançado ao ponto de construir órteses (dispositivos inseridos no corpo para recompor a estrutura do sistema musculoesquelético) cada vez mais modernas e altamente personalizáveis. Um paciente com problema no joelho pode ter essa articulação escaneada para que uma órtese possa ser confeccionada em uma impressora 3D, um procedimento inovador.
Cardiologia
A cardiologia é a área da medicina que estuda as doenças tanto do coração quanto do sistema circulatório. A confecção de produtos para o tratamento de saúde de pessoas com problemas cardíacos e/ou no sistema circulatório é bastante complicada.
No entanto, por meio da impressão 3D é possível criar componentes com medidas exatas. Um exemplo são as válvulas cardíacas artificiais feitas com essa técnica.
Esse tipo de componente se torna cada vez mais necessário, principalmente, com a tendência de aumento na expectativa de vida da população e, também, outros problemas comportamentais potencializam as chances de problemas cardíacos, como sedentarismo e má alimentação.
Com uma impressão exata, a válvula pode se encaixar perfeitamente na câmara cardíaca. As medidas da peça personalizada podem ser obtidas por meio de uma tomografia computadorizada ou ressonância magnética.
Outra possibilidade ainda em teste é a impressão de vasos sanguíneos. Acidentes graves e outros problemas podem tornar necessária a substituição desses vasos, e a impressão da vasculatura pode corrigir essa ausência.
A personalização no design de produtos também está na produção 3D do coração como forma de planejar cirurgias cardíacas e, com isso, evitar complicações durante o procedimento. A ideia é imprimir uma réplica perfeita da raiz aórtica do coração do paciente, escaneado por meio de tomografia computadorizada.
O modelo 3D simula não apenas as dimensões do órgão, mas também a textura e rigidez exatas. Assim, é possível testar como a implantação de uma válvula bioprotética poderia ser feita e como se comportaria após o implante.
Transplante de órgãos
Pode parecer filme de ficção científica, mas já existem pesquisas em andamento que usam células-tronco vivas em impressoras 3D para promover a reconstrução biológica de tecidos, que posteriormente podem gerar novos órgãos.
Essa nova técnica pode vir para resolver um grande problema em nosso país — a longa lista de espera para pacientes que necessitam de um transplante de órgãos. A vantagem é que as partes podem ser impressas a partir de células do próprio paciente, o que reduz e muito as chances de rejeição e outras complicações.
Oncologia
Também conhecida como cancerologia, a oncologia estuda tumores malignos, seu desenvolvimento, impacto no organismo e tratamento. Quando a intervenção é cirúrgica, em que o nódulo precisa ser retirado, os médicos enfrentam um grande desafio para planejar o procedimento.
Quando a tomografia é feita, a imagem obtida dos órgãos afetados pelo câncer é de duas dimensões. Assim, é desafiador entender até que ponto a doença afetou os órgãos. Em alguns desses casos, pode ser necessário fazer uma cirurgia para observar o tumor e visualizar sua real extensão. Daí então é possível fazer um planejamento mais detalhado para realizar a remoção.
Por outro lado, a personalização do design de produtos por meio da impressão 3D mais uma vez surge como uma solução interessante. Após um mapeamento do tumor e dos órgãos por meio de equipamentos digitais, é possível reproduzir perfeitamente o tumor para que a equipe faça um planejamento mais preciso de como o neoplasma será removido com maior segurança.
Análises pré-cirúrgicas
Essa mesma estratégia utilizada tanto no implante de válvula aórtica quanto na retirada de tumores pode ser reproduzida em outros tipos de cirurgias. Com a impressão de órgãos de tamanho idêntico ao do paciente, é possível fazer um planejamento adequado que aumenta as chances de sucesso da cirurgia.
Neurocirurgia
Especificamente na neurocirurgia — que trata doenças do sistema nervoso central e periférico —, as cirurgias são muito delicadas, invasivas e de risco. Com a impressão 3D, os médicos podem selecionar o melhor material para o procedimento, treinar a técnica no modelo impresso e assim antever decisões importantes para garantir maior segurança.
Um desses riscos mais comuns é a rotura do aneurisma, que pode ocorrer em 17% dos casos. Com o uso da impressão 3D, esse índice cai para menos de 1%. Temos também outros ganhos, tais como a redução de tempo da cirurgia e menos riscos de infecção.
Muitos podem perguntar, no entanto, se fazer esse tipo de planejamento com um modelo virtual não teria o mesmo efeito. Acontece que o efeito não é o mesmo. Não é possível, por exemplo, encaixar uma válvula para determinar se o ajuste seria o ideal, levando em conta não apenas as dimensões, mas também a textura e flexibilidade do tecido.
Essas são características que somente um design de produto altamente personalizado, como um modelo impresso 3D, pode conferir.
Reprodução de tecidos
O design de produto na área médica também tem sido utilizado para a produção de pequenos órgãos externos que corrigem esteticamente o corpo, como nariz, orelhas e cartilagens.
A pele artificial também entra nessa lista. Impressoras tridimensionais são usadas para criar um tecido muito semelhante à pele humana. O material pode ser utilizado para preencher, sustentar, reparar ou melhorar a aparência de tecidos de pacientes que passaram por algum tipo de trauma.
Como o Design de produto auxilia na odontologia?
Além de todas as áreas médicas que abordamos, a odontologia tem sido um destaque na aplicação da manufatura aditiva, como também é conhecida a impressão 3D. Veja algumas das possibilidades.
Molde de arcada dentária
Há muitos anos, a odontologia tem usado moldes de gesso feitos a mão. Eles são a base para a confecção de aparelhos e próteses que demoram muitos dias (ou semanas) para serem concluídos. Além disso, o procedimento é incômodo para o paciente que, muitas vezes, causa desconforto e até mesmo náuseas.
Com o modelo 3D, o processo é menos invasivo. Usa-se um scanner intraoral para digitalizar a boca do paciente, gerando um arquivo que será usado na manufatura aditiva para a impressão do modelo em poucos dias.
Esse processo inovador, além de ser muito mais confortável para as pessoas, cria um produto mais barato e durável para o planejamento do tratamento do paciente.
Confecção de dentes e implantes
Assim como a manufatura aditiva permite criar moldes da arcada dentária com alto grau de precisão, a tecnologia também pode ser usada para a construção de próteses e implantes dentários. Afinal, cada pessoa tem um formato único, e a impressão 3D permite que se chegue ao resultado esperado de duas formas:
- impressão 3D para fundição do implante: a impressão cria uma peça que será usada para desenvolver o molde. Esse molde é usado para confeccionar o implante ou dente a ser usado no paciente;
- impressão 3D direta: a impressora confecciona diretamente o implante desejado, necessitando que seja usado um material biocompatível. É por esse caminho que se obtém resultados mais rápidos.
Precisão cirúrgica
A precisão cirúrgica na odontologia segue as mesmas premissas das estratégias utilizadas nas demais áreas médicas. A impressão 3D também traz vantagens para a odontologia. Por meio de uma guia impressa, o médico tem mais condições de planejar o procedimento com precisão, continuando também para um entendimento mais aprofundado sobre o caso.
Como o Design de produto auxilia na fisioterapia?
Dentro da fisioterapia, os especialistas buscam recuperar a funcionalidade de movimentos para os pacientes. Isso ocorre, por exemplo, quando a amputação de membro é inevitável, seja por traumas, seja por uma intervenção médica que vise à sobrevivência do paciente.
Após procedimentos desse tipo ou outras dificuldades que o paciente apresenta para se movimentar ou sustentar o próprio corpo, é necessário elaborar estratégias e utilizar acessórios que continuaram para a recuperação do indivíduo. O design de produto tem muito a contribuir nesse sentido, especialmente nas técnicas de impressão 3D para dentistas.
Projeto de próteses
Para resgatar no paciente sua capacidade motora ou melhorar sua qualidade de vida, o design de produtos dentro da ortopedia cria diferentes itens essenciais para a pessoa se locomover e devolver a função de membros importantes. Daí então vemos muletas, andadores, próteses e implantes.
Nesse contexto, o fisioterapeuta terá a função de tratar pacientes com membros inferiores e/ou superiores amputados e que agora precisam se adaptar ao uso de braços e pernas artificiais, ou seja, as próteses. Além disso, aqueles em reabilitação talvez precisem de diferentes produtos de suporte para recuperar sua capacidade de locomoção.
Uma vez que cada pessoa tem medidas do corpo muito específicas, para garantir o sucesso do tratamento, as próteses precisam ser personalizadas, do tamanho exato conforme a necessidade do paciente.
Projeto de coletes
Os coletes 3D são órteses recomendadas para crianças e adolescentes com escoliose. Ele impede o avanço da deformidade da coluna. Uma vez que cada paciente tem suas próprias necessidades, é necessário usar técnicas de design de produto para criar uma acessório personalizado, levando em conta a largura do tórax e a extensão da coluna e os pontos da escoliose.
Por isso, um scanner pode fazer as medições do paciente, além de exames de imagem para fazer as adaptações. Daí então o modelo é impresso para o tratamento do usuário.
Quais as perspectivas para o futuro do Design de produto?
Como você pôde perceber, o design de produto tem uma aplicação muito ampla, à medida que o paciente se torna o foco de todo o processo, os tratamentos e produtos utilizados são cada vez mais personalizados.
Além disso, muitos problemas atuais ainda carecem de soluções inovadoras, e compete ao design de produto pensar e criar artefatos relevantes e dinâmicos, que gerem impacto real na vida dos indivíduos.
Em todas as áreas na saúde que avaliamos existe uma longa jornada para tornar as tecnologias cada vez mais populares, consistentes e ainda mais relevantes. Algumas delas são somente incipientes e revelam o grande potencial que tem o design aliado à impressão 3D na medicina.
Sem dúvidas, o design de produto é um grande aliado da área da saúde, pois permite projetar soluções que sejam mais direcionadas para as reais demandas do paciente. Isso é cada vez mais importante para tratamentos de saúde eficientes.
A Produteca é uma empresa inovadora focada em serviços de Design de produto tendo a impressão 3D como principal ferramenta. Quer saber como podemos contribuir para o seu projeto? Entre em contato com nossa equipe e tire suas dúvidas!